Um Oeste Progressista!

Red Dead Redemption 2 e os Ecos de um Velho Oeste Progressista

Quando falamos de “Red Dead Redemption 2”, o que vem à mente é sua vastidão, sua beleza crua e sua narrativa envolvente. No entanto, é importante notar que, sob a poeira e o sangue do Velho Oeste, o jogo traz nuances que podem ser interpretadas como uma reflexão progressista, tanto na moralidade de suas escolhas quanto em suas representações de gênero, raça e questões sociais. Vamos explorar os momentos mais “woke” do game e como ele, de maneira sutil, reflete valores que ressoam além da sua época retratada.

A Presença Forte de Sadie Adler

Sadie Adler é um dos maiores exemplos de personagens femininas fortes em “Red Dead Redemption 2”. Introduzida como uma viúva enlutada após a morte brutal de seu marido, Sadie se transforma em uma mulher destemida e independente, rompendo os estereótipos femininos do período. Sua recusa em se conformar às expectativas de gênero é explicitada em várias interações, onde ela desafia homens e mulheres que subestimam suas capacidades. Sadie não quer “ser cuidada”, e sim exercer controle sobre seu destino, algo revolucionário para o contexto histórico do jogo.

As Sufragistas e o Debate sobre o Voto Feminino

No centro de Saint Denis, encontramos uma manifestação de sufragistas exigindo o direito ao voto. Embora o jogador tenha a liberdade de ignorar ou mesmo zombar do movimento, a mera inclusão deste evento reflete uma tentativa de trazer para o jogo um debate histórico relevante. Além disso, o discurso das sufragistas, repleto de argumentos progressistas sobre igualdade, cria uma janela para discussão sobre como a luta por direitos estava ganhando espaço mesmo nas regiões mais conservadoras.

Racismo e Escravidão no Velho Oeste

O jogo também não se esquiva de abordar questões relacionadas à escravidão e ao racismo. Arthur Morgan, o protagonista, frequentemente expressa desprezo por escravocratas e por práticas racistas. Em uma missão, Arthur ajuda um homem negro que está sendo perseguido por sua história de envolvimento com escravos fugidos. Embora não seja um militante pela igualdade, Arthur demonstra empatia que vai além do que seria esperado de muitos homens brancos do seu tempo. O jogo também não poupa esforços ao representar os supremacistas raciais da Klu Klux Klan como o verdadeiro suco da idiotice humana. Burros o suficiente para se auto explodirem (qualquer semelhança com algum recente patriotário num atentado ao STF é pura coincidência… ou não).

A Moralidade como Sistema Progressista

O sistema de honra de “Red Dead Redemption 2” é talvez a faceta mais evidente de um pensamento progressista no jogo. Embora o jogador tenha total liberdade para agir de maneira cruel ou altruísta, o jogo recompensa com desfechos mais positivos aqueles que escolhem um caminho moral elevado. Essa mecânica reflete uma mensagem clara: a bondade e a justiça têm valor. É uma tentativa de mostrar que mesmo em um mundo brutal e implacável, há espaço para compaixão e retidão.

A Complexidade dos Personagens

Outro ponto digno de nota é como o jogo retrata personagens femininas e minorias com uma profundidade incomum. Personagens como Lenny Summers, um jovem negro na gangue de Van der Linde, não são apenas peças narrativas superficiais. Lenny compartilha momentos importantes com Arthur, que humanizam sua experiência em um mundo racista, evidenciando a desigualdade sem reduzi-lo a um estereótipo.

Liberdade do Jogador e as Implicações Morais

Apesar de todos esses momentos “woke”, é importante lembrar que “Red Dead Redemption 2” não força o jogador a seguir um caminho moral ou ideológico. Você pode optar por ignorar as manifestações feministas, agir com racismo ou até zombar de causas sociais, mas o jogo faz questão de deixar claro que essas escolhas reduzem a moral imposta na mecânica. Tal recurso não chega ser proibitivo e você provavelmente conseguirá lidar com as situações adversas destas circustâncias, mas, há uma mensagem bem clara sobre o assunto e, aliado ao sistema de honra, se torna uma maneira inteligente de provocar reflexões sobre moralidade e justiça.

Toda Obra é Politica

Embora “Red Dead Redemption 2” não seja um manifesto político, ele consegue, de maneira sutil, trazer questões progressistas para o centro de sua narrativa. Com personagens complexos, cenários historicamente ricos e um sistema de moralidade que valoriza a empatia, o jogo convida o jogador a refletir sobre a sociedade e suas dinâmicas de poder. No Velho Oeste de Arthur Morgan, assim como no mundo real, a escolha de ser justo ou cruel cabe a cada um de nós.

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